sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Mito 2: Remédios caseiros para o tratamento do câncer


Mito 2: Remédios caseiros para o tratamento do câncer

Todo mundo já ouviu aquela história de que fulano estava desenganado pelos médicos e viveu muitos anos após o diagnóstico porque tomou chá de alguma erva...
Dois erros são facilmente identificáveis nessa história. O primeiro, médico nenhum é capaz de prever o futuro e dizer que fulano tem X tempo de vida. Quando tal afirmação é feita ela é baseada no que amiúde ocorre com pacientes em condições semelhantes. Mas a média é feita com os valores baixos e altos, assim o médico que afirma isso na maioria das vezes estará certo, mas existirão vários casos em que sua previsão estará errada.
O segundo erro está na afirmação de que a cura foi baseada no chá de alguma coisa. Como ter certeza de que foi o chá? Não poderia ter sido o alface, o tomate ou o brócolis que ele começou a comer após o diagnóstico?  Ou será que foi o efeito aditivo do alface com o chá? Ou será que a doença dele não era tão agressiva como previsto pelo médico ou o organismo dele foi capaz de ativar uma resposta imunológica e combater a doença? Funcionou pra ele, pode funcionar pra todo mundo?
Será que não foi a quimioterapia que ele estava fazendo, cujo efeito terapêutico foi demonstrado cientificamente?
O que estou tentando demonstrar é que existem dezenas de fatores que podem influenciar o resultado obtido pelo fulano que tomou o chá e que precisam ser isolados para que o benefício seja comprovado.
Na Medicina utiliza-se uma classificação do nível de evidência para cada abordagem terapêutica, onde o nível mais alto é aquele baseado na existência de múltiplos estudos clínicos randomizados e o nível mais baixo é a evidência baseada apenas na opinião de autoridades no assunto ou por comitês de especialistas. Se a opinião baseada na experiencia profissional dessas autoridades é um fraco nível de evidência e é vista com cautela na comunidade científica o que dizer de relatos baseados no conhecimento popular ou em experiências individuais?
Assim, é necessário muito cuidado antes de acreditar no relato de alguma erva milagrosa ou uma terapia não convencional. É provável que não tenham efeito e venham sendo utilizadas para explorar financeiramente pacientes e familiares. Além disso, algumas ervas podem interagir com a quimioterapia. Na dúvida pergunte ao seu oncologista.
No próximo post, quais ervas, dietas e terapias alternativas podem ajudar no tratamento do câncer.

Um comentário:

Anônimo disse...

olá marcelo, obrigado pela menção no seu blog!!

espero que possamos criar uma "rede" legal de informação, no meio de tanta maluquice que vemos na internet.

coloquei o link do seu site no meu blog, abraços