quarta-feira, 18 de março de 2015

BPA, Celulares, Adoçantes e Pesticidas podem causar câncer???

Texto extraído de: http://www.medscape.com/viewarticle/840559 Título original: Mythbusters: Does This Cause Cancer?

1 - O BPA aumenta o risco do câncer?

O bisfenol A (BPA) é uma substância química utilizada para fabricação de plásticos. É uma substância onipresente, sendo encontrada em uma gama de produtos de consumo, incluindo mamadeiras, garrafas de água, brinquedos, telefones celulares e recipientes de alimentos, bem como em revestimento de latas de alimentos e bebidas.
Investigação do Centro de Controle e Prevenção de Doenças mostra que mais de 90% dos americanos têm BPA em sua urina, provavelmente porque o produto químico pode liberado de garrafas e latas.
Apesar de várias evidências em modelos animais, um nexo de causalidade entre o BPA e o risco de câncer em seres humanos ainda não foi confirmado.

Como reduzir a exposição: Evitar plásticos que poderiam conter BPA. "O problema aqui é que nós não sabemos o quanto o BPA é universal" Por exemplo, o policarbonato é muitas vezes usado para filtragem industrial, por isso beber de uma garrafa de vidro não significa necessariamente que o líquido é livre de BPA.

Resposta: O nível de evidência para a associação entre BPA e câncer é de plausível para provável, dada a forte evidência em modelos animais.



2 – Telefones celulares podem causar Câncer cerebral?

Apesar de 20 anos de pesquisa investigando a ligação entre o uso de celulares e câncer de cérebro, a opinião entre os especialistas é divergente. Alguns afirmam que um aumento do risco é improvável, uma vez que as taxas de câncer de cérebro não têm aumentado significativamente nas últimas décadas e que os telefones celulares não emitem radiação poderosa o suficiente para danificar o DNA; enquanto outros acreditam que estudos epidemiológicos investigando o uso de celulares mostram evidência convincente de um risco aumentado da taxa de câncer no cérebro.

Em 2010 foram publicados os resultados do maior estudo de caso-controle para explorar a relação entre câncer e celulares. [INTERPHONE Study Group. Brain tumour risk in relation to mobile telephone use: results of the INTERPHONE international case-control study. Int J Epidemiol. 2010;39:675-694]. O estudo envolveu pesquisadores de 13 países ao longo de 10 anos, sendo 5117 casos de tumor cerebral e 5.634 controles. Os autores relataram uma redução do risco de glioma e meningioma em usuários de telefones celulares regulares, mas um risco elevado para glioma em pessoas relatando a maior exposição aos telefones celulares.
Em um estudo de 2011 publicado no JAMA, Nora Volkow, MD, pesquisador do cérebro e diretor do Instituto Nacional de Abuso de Drogas, em Bethesda, Maryland, tentou determinar se a energia de radiofreqüência pode alterar a atividade cerebral, colocando telefones celulares próxima para os ouvidos de 47 participantes. Constatou que apenas 50 minutos de exposição a um telefone celular ativado, em comparação com um desativado, houve um aumento do metabolismo da glicose nas regiões cerebrais mais próximo da antena. Os investigadores concluíram que, embora o estudo não fornece informações sobre potenciais efeitos cancerígenos do uso do telefone celular, ele revela que a exposição a telefones celulares pode afetar a função cerebral em seres humanos.

De acordo com Véronique Terrasse, um porta-voz da IARC-OMS, a agência classifica os campos eletromagnéticos de radiofrequência produzidos por telefones celulares como possivelmente cancerígenos para os seres humanos, com base em dois estudos epidemiológicos e animais. A categoria é considerado "grupo 2B", que significa uma associação causal é considerado credível, mas acaso, a predisposição, ou a confusão não pode ser descartada.

Resposta: Plausível. A evidência é mista, com um considerável debate e incerteza no campo.

3 - Adoçantes artificiais podem causar câncer?

O que a ciência diz: Os medos sobre os potenciais efeitos cancerígenos de adoçantes artificiais continuam a persistir, apesar de um corpo atraente de evidências que mostram que essa relação não existe.
Preocupações surgiram há mais de 40 anos, depois que estudos indicaram que o adoçante  à base de ciclamato poderia estar ligado ao câncer, levando ao FDA proibir sua utilização.

Em uma monografia publicada no final de 1990, um grupo de especialistas da IARC analisou os resultados de 17 estudos/controle para explorar a relação entre a sacarina e câncer de bexiga em seres humanos. A IARC concluiu que "há evidência inadequada em humanos para a carcinogenicidade de sais de sacarina usados ​​como adoçantes" e rebaixou sua classificação original da grupo 2B (possivelmente cancerígeno para os seres humanos) para o grupo 3 (Não é classificável como carcinogênico para humanos) .

Os dados sobre os efeitos cancerígenos de outros adoçantes artificiais, como o aspartame, formaram a base para conclusões semelhantes.
Os novos adoçantes artificiais, incluindo acesulfame de potássio (ACK, Doce One®, Sunett®), sucralose (Splenda), e neotame (Newtame®), foram também avaliados pelo FDA, sendo que os resultados destes estudos não mostraram nenhuma evidência de que esses adoçantes causam câncer ou representam qualquer ameaça para a saúde humana."

Resposta: Não há associação entre uso de adoçantes artificiais e câncer.

4- Pesticidas aumentam O risco de câncer?

A relação entre a exposição a pesticidas e o risco de câncer continua sendo difícil de discernir. Os agricultores e outras pessoas da força de trabalho agrícola tendem a ter menores taxas de câncer em geral, que é em grande parte atribuída a seu estilo de vida fisicamente ativo e as taxas de tabagismo mais baixas. Ainda assim, certos tipos de câncer, principalmente-linfoma, mieloma múltiplo, e câncer de próstata a ocorrer em maior freqüências nesta população.

O que dizem os especialistas: De acordo com Paolo Boffetta, MD, MPH, diretor do Instituto para Epidemiologia Translational e professor na Divisão de Hematologia e Oncologia Médica e do Departamento de Medicina Preventiva da Mount Sinai School of Medicine, "Para aqueles com altos  níveis de exposição aos pesticidas, o link é muito plausível para alguns tipos de câncer, como o linfoma ou mieloma e, possivelmente, o câncer de próstata também. Mas, para outros tipos de câncer, eu não acho que a evidência é muito forte. Para os consumidores, o baixo nível de exposição provavelmente não faz aumentar o risco de câncer. "
Para os consumidores, não existe uma clara associação entre a exposição a pesticidas e o risco de câncer. "Parece não haver um benefício dos produtos orgânicos, talvez sendo mais importante lavar bem as frutas e ter cuidado com frutas específicas, conhecidas como a “dúzia suja” (maçã, aipo, tomate cereja, pepinos, uvas, pimentas, nectarinas, pêssegos, batatas, espinafre morangos e pimentões) que têm níveis mais elevados de pesticidas ".


Resposta: Plausível em pessoas com altos níveis de exposição (agricultores e aplicadores de agrotóxicos), mas pouco provável em consumidores.

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